Situação do Turismo Regional (CCIA)

A Direção da Câmara do Comércio e Indústria dos Açores (CCIA) reuniu, no dia 17 de agosto para analisar a situação do sector do turismo regional, em particular a ameaça do abandono da companhia aérea Ryanair dos Açores.

A Direção da CCIA é unânime na análise da situação atual, considerando que estamos perante uma situação muito séria. O turismo representa uma percentagem muito significativa do PIB da Região, cerca de 12%, além deste sector de atividade ser fundamental para todas as ilhas, incluindo as mais pequenas. De salientar, também, que os investimentos privados nos últimos anos têm sido muito elevados, aliás muito edificado urbano foi reconstruído à boleia do turismo e por isso tem de se fazer mais e melhor em prol deste sector.

A CCIA reivindica, por isso, que o Governo Regional seja mais incisivo no que pode e deve fazer, bem como no que tem de exigir do Governo da República.

Estamos perante uma situação de déjà-vu relativamente à dinâmica das companhias aéreas nos Açores. Tivemos uma primeira experiência quando a Easyjet saiu da região, a seguir a DELTA e agora a situação da Ryanair, que vem reforçar que não somos competitivos. Algo está a falhar na nossa competitividade externa. É necessário mais investimento para a notoriedade do nosso destino turístico. Não sermos competitivos é, de facto, um ponto muito preocupante, e dentro de pouco tempo podemos ter um problema idêntico com a United Airlines. É, por isso, fundamental o Governo Regional exigir que todas as taxas e tarifas sejam competitivas e fazer o que lhe compete na divulgação e promoção do destino Açores.

Tem de haver, por parte do Governo Regional, um acompanhamento mais atento do que se está a passar com a competitividade dos Açores no segmento do transporte aéreo e quanto à competitividade turística. Se, na realidade, tivemos uma recuperação interessante a seguir à pandemia, neste momento estamos a perder e a evidência é clara quando nos comparamos com a Madeira. A Madeira, que está numa fase mais madura e com muitos problemas no seu aeroporto, consegue ter um crescimento maior do que os Açores.

Não podemos ignorar, ainda, que esta posição da Ryanair é agravada com o facto de estarmos perante uma privatização da SATA e a grande incerteza do que vai ser a privatização da TAP. A realidade é que o nosso ecossistema de acessibilidades está num turbilhão. E todos reconhecemos a importância das acessibilidades no desenvolvimento da economia açoriana, e do turismo em particular.

Além disso, a mensagem que esta situação de ameaça de abandono da Ryanair transmite aos investidores, é de que os Açores são um mercado de enorme risco, dado que dependem muito de decisões de companhias aéreas. A Direção da CCIA considera mesmo que podemos estar perante um retrocesso nas intenções de investimento na Região.

Aliás, a situação não é boa nem para os residentes nem para os turistas, além da questão das ligações marítimas que podiam funcionar muito melhor. O turismo tem de ser visto com muito mais atenção e com vontade de resolver problemas. É crucial existir uma efetiva promoção externa. Tem de existir um investimento sério na promoção, direcionada aos mercados emissores das companhias aéreas que voam para os Açores.

Em suma, a Direção da CCIA considera que temos de ser um destino mais competitivo e o Governo Regional tem de tomar uma atitude incisiva em relação a esta matéria. Atendendo ao volume de investimento que foi feito neste sector, ficar de braços cruzados como tem sido até agora é matar todos esses investimentos. Temos de dar a este sector a importância que ele passou a ter na economia dos Açores.