LNEC RECUSA MOSTRAR O QUE VALE AOS AMERICANOS

 

 

O presidente do Laboratório nacional de engenharia Civil (LNEC) recusa qualquer condicionamento por parte das autoridades norte-americanas ao estudo que a entidade venha a realizar sobre a contaminação dos solos e dos aquíferos em redor da Base das Lajes e das tubagens e tanques de combustíveis que operaram naquele concelho. Carlos Matias Ramos recusa também prestar quaisquer provas junto das autoridades norte-americanas relativamente à competência e à credibilidade do LNEC e dos seus técnicos. O laboratório não se põe disponibilizado para que alguém avalie a sua credibilidade técnica. O laboratório é que avalia a credibilidade técnica dos seus técnicos. Então admito que ninguém o faça externamente. Portanto, o que está em causa é a instituição e não os técnicos. Se do ponto de vista deles [dos norte-americanos], a instituição merecer credibilidade e isenção para resolver o problema, estamos disponíveis e interessados na participação. agora, não aceitamos de qualquer forma que alguém ponha em causa a credibilidade seja de quem for da instituição”, sublinhou o responsável, em declarações à RDP/açores. A reacção surge na sequência da informação de que as autoridades norte-americanas pretendem conhecer os membros da equipa técnica que elaborará o estudo, assim como a metodologia que venha a ser usada no mesmo. Esse pedido, como DI noticiou ontem, ficou expresso numa reunião, segunda-feira, entre o presidente da Câmara municipal da Praia da Vitória e a cônsul dos estados unidos. NÃO PERDER TEMPO Ontem, confrontado com esta posição, o autarca praiense recusou entrar em discussões de currículos, metodologias e capacidades. Roberto Monteiro reafirmou a intenção da autarquia em acordar com o LNEC o estudo aprofundado das zonas contaminadas por acção norte-americana, assim como as consequências actuais e futuras da mesma. No entanto, o edil considerou “legítimo” o pedido das autoridades norte-americanas e que não vê nele razões para trocas de palavras desnecessárias e perdas de tempo. O que foi dito, e que é perfeitamente legítimo e não pode ter a interpretação que está a ter em termos mediáticos, é que, para que o estado norte-americano assuma desde já a aceitação dos resultados inquestionáveis por uma entidade que é escolhida pela Câmara, independentemente da sua credibilidade internacional, as autoridades americanas pretendem sentar-se à mesa e perceber a metodologia que será adoptada para a obtenção desses resultados”, explica roberto Monteiro. O autarca adianta ainda que a sua intenção é aceder, o mais depressa possível, a uma investigação do LNEC e, por isso, pretende garantir, desde já, o compromisso dos estados unidos com esse estudo.

 

 

“Não pretendo perder tempo, concluído o estudo, com dúvidas e questões sobre a credibilidade dos resultados e das eventuais recomendações”, explica. PARCERIA O estudo do LNEC, anunciado pela Câmara da Praia, será financiado pelo Governo Regional, apurou DI junto da secretaria regional do ambiente e do mar. Ontem de manhã, na assembleia Legislativa dos açores, a secretária regional do ambiente confirmou esse facto, assumindo a constituição de um grupo de peritos para avaliar a eventual contaminação dos solos na terceira por tanques de combustíveis da Base das Lajes tarde, questionada por DI, a responsável esclareceu que a avaliação que anunciou na Horta é a mesma anunciada, segunda-feira, pela Câmara municipal da Praia da Vitória – o estudo do LNEC. Ana Paula Marques garantiu que a água subterrânea, que sustenta o abastecimento da cidade da Praia da Vitória, face às análises existentes, "não se encontra contaminada" (afirmação que é desmentida pelas provas da contaminação do aquífero de base publicadas em DI de seis de Maio, pp. 5), mas sublinhou ser preciso avaliar a dimensão do problema."O Governo dos açores entende que subsiste a necessidade de estudar a situação, processo que se encontra já em curso, nomeadamente pela realização de um estudo hidrogeológico que não só caracterize o problema como propõe as devidas metodologias de remediação da poluição", explicou no plenário, sendo questionada pelos partidos da oposição (ver texto abaixo). A intervenção de Ana Paula Marques quebrou o silêncio do executivo insular sobre esta matéria. O facto foi, segunda-feira, criticado pela organização ambientalista Gê-questa e, na última semana, pelos partidos da oposição. Na origem de toda esta celeuma está uma investigação jornalística que, recorrendo a relatórios norte-americanos e a análises de especialistas portugueses, confirmou a existência de manchas de poluição nos solos, aquíferos suspensos e no aquífero principal da ilha terceira. A contaminação decorre de derrames de combustíveis de infra-estruturas (condutas e tanques no concelho da Praia da Vitória, entretanto desactivados) operadas, entre as décadas de 60 e 90, por militares norte-americanos estacionados na Base das Lajes.