Energia: Construção da fábrica de pilhas da AGNI arranca em Junho, velocidade de cruzeiro em 2011

 

 

 

A construção da fábrica de pilhas de combustível da AGNI em Montemor-o-Velho arranca em Junho, devendo alcançar a velocidade de cruzeiro em 2011, correspondente a um volume de vendas de 59,8 milhões de euros, revelou o administrador da empresa.

 

 

    A unidade fabril faz parte de uma plataforma de produção tecnológica na área das energias associadas ao hidrogénio que inclui ainda um centro de investigação, num investimento na ordem dos 69 milhões de euros.

    Em entrevista à agência Lusa, o administrador da AGNI em Portugal, Luís Vieira, afirmou que "esta plataforma é algo muito estratégico e importante para Portugal" e deverá atingir a velocidade de cruzeiro em 2011, ano em que estima 59,8 milhões de euros de volume de vendas e 28,4 milhões de euros de valor acrescentado acumulado desde 2009.

    "Em 2010/2011 será a maior plataforma do grupo AGNI, quer ao nível do desenvolvimento quer de produção de tecnologia de ponta, mesmo no contexto mundial", disse o administrador do grupo AGNI, empresa que engloba capitais de Singapura, Malásia e EUA, dispersos por vários investidores e organizações.

    Segundo o responsável, a nova fábrica, que entrará em funcionamento em meados de 2009,"permite novos conceitos de produção e utilização de energia, no contexto das alterações climáticas".

 

    "Portugal ganha aqui um grande peso, vamos centralizar aqui toda a massa cinzenta [portuguesa] e a capacidade de produção", acrescentou.

    De acordo com Luís Vieira, as licenças de construção já foram emitidas pela autarquia local, a obra está adjudicada e decorrem os estudos para a instalação do estaleiro, subsistindo apenas "pequenas questões burocráticas".

    Quem vai liderar o processo é a casa-mãe do grupo, a AGNI Singapura, com o objectivo de exportar 80 por cento da produção da unidade fabril, tendo como mercado prioritário a vizinha Espanha e depois a Europa central, a Alemanha, a Áustria, a Itália e a Polónia.

    "Neste momento, também estamos em negociações com várias empresas no mercado norte-americano, não só no sentido de exportar a partir de Portugal mas também de trazer de lá mais 'know-how' e tecnologia", disse Luís Vieira, lembrando que a empresa actua principalmente nas áreas dos tratamentos de efluentes, da produção de energia a partir de biomassa e biogás, da co-geração e dos solares térmicos.

    O projecto prevê a construção de uma plataforma tecnológica com cerca de 16 mil metros quadrados de área: a fábrica com 8.800 metros quadrados e o centro de investigação e desenvolvimento com 7.200 metros quadrados.

    Em relação às diferentes componentes do investimento de 69 milhões de euros, 44 milhões destinam-se à nova fábrica e 25 milhões ao centro de investigação e desenvolvimento.

    Entre os 221 postos de trabalho que serão criados com a construção e funcionamento da plataforma tecnológica, 169 estarão afectos à fábrica e 52 ao centro de investigação.

    Aprovado em Conselho de Ministros a 29 de Setembro, o investimento envolve o Estado Português e a AGNI - empresa considerada líder no desenvolvimento e no fabrico de células de combustível e de outros processos de alta tecnologia que permitem recorrer ao hidrogénio enquanto vector energético para a promoção de sistemas energéticos sustentáveis.

    No final desse Conselho de Ministros, o titular da pasta da Presidência salientou que a futura plataforma tecnológica "será altamente automatizada e flexível", destinando-se, entre outras funções, "à produção de pilhas de combustível, sistemas de processamento de hidrocarbonetos e produção de energia".

    De acordo com as estimativas do Governo, em 2016 (ano do termo do contrato com o Estado), o investimento deverá permitir um volume de vendas de 576,8 milhões de euros e um valor acrescentado de cerca de 163,6 milhões de euros em montantes acumulados desde 2009.

    "Espera-se que o investimento apresente importantes efeitos de arrastamento [em relação a outras empresas do ramo energético] em actividades a montante e a jusante, bem como possibilite a interacção e cooperação com entidades do sistema científico e tecnológico no desenvolvimento de produtos de carácter tecnológico", refere o comunicado do Conselho de Ministros de 29 de Setembro.

 

    Em declarações anteriores à Lusa, Luís Vieira explicou que a tecnologia passa pela produção de energia através de pilhas de combustível - um sistema que inclui eléctrodos e membranas empilhados - alimentadas a hidrogénio e oxigénio.

    "É o inverso da hidrólise. Dou-lhe hidrogénio e oxigénio, e vou obter energia e água", explicou.

   Não existindo, no mundo, hidrogénio em estado puro, a opção da AGNI passa por o produzir recorrendo, na fábrica, a reformadores, um sistema que separa o hidrogénio do carbono usando combustível (hidrocarbonetos).

    O combustível a utilizar será gás sintético, obtido através da utilização de gaseificadores abastecidos a biomassa, sendo as pilhas reformadores e gaseificadores produzidos na fábrica.

    A energia produzida através das pilhas de combustível poderá ser injectada na rede eléctrica nacional e estender-se a múltiplas aplicações, como electrodomésticos ou geradores portáteis, entre outras.