Capitais europeias procuram equilíbrio entre pequeno comércio e grandes superfícies

 

 

         Os horários de funcionamento do comércio aos fins-de-semana geram polémica por toda a Europa, no sempre difícil equilíbrio entre o interesse dos consumidores e a sobrevivência dos pequenos comerciantes.

 

 

    Se em Londres os hipermercados só podem abrir por seis horas aos domingos, já em Paris as grandes superfícies estão fora do centro da cidade e as pequenas mercearias têm portas abertas 24 sobre 24 horas.

 

Em Madrid o tradicional sobrevive mas está para breve a total liberalização dos horários das grandes superfícies, enquanto a Catalunha mantém os hiper com horários alargados.

 

 Em Inglaterra e País de Gales, seis horas é o período definido para as grandes superfícies comerciais abrirem ao domingo. Podendo fazê-lo entre as 10:00 e as 18:00 horas, de acordo com a lei de 1994.

 

  Hoje é um dado adquirido e com grande aceitação entre os consumidores que desejam ter mais um dia para fazer compras, mas a medida esteve bloqueada durante muitos anos e até a ex-primeira-ministra Margaret Thatcher perdeu no Parlamento um voto para levantar as restrições.

 

  A oposição foi feita sobretudo por grupos cristãos, que pretendiam manter a tradição familiar e religiosa, e sindicatos, preocupados com os direitos e as condições de trabalho dos trabalhadores, unindo a esquerda e a direita contra a “Dama de Ferro”.

 

 Em 2006,o governo afastou a possibilidade de liberalização total de horários ao domingo, uma proposta das associações de retalhistas, como já acontece na Escócia.

 

 No centro de Paris não existem hipermercados, há apenas supermercados abertos entre as 09:00 e as 21:00,mas apenas durante a semana, ao domingo estão fechados. Tal como os bancos, que estão abertos ao sábado e fechados na segunda-feira.

 

  As grandes superfícies comerciais, principalmente de comércio de bens alimentares estão fora da cidade.

 

Existem grandes lojas, embora num outro tipo de comércio. Há galerias (Lafayette e BHV) 2 ou 3 grandes lojas de comércio especializado (FNAC) e 2 ou 3 centros comerciais (Place de Italie e Les Halles).

 

  Esta realidade não afecta o pequeno comércio, já que foi encontrado um equilíbrio entre as lojas tradicionais e o grande comércio, considerando a dimensão da cidade, o número de habitantes e o consumo.

 

   Com frio ou calor, sol ou chuva, os parisienses animam a cidade, os passeios e o comércio, e não sentem grande atracção pelas grandes superfícies que lhes poderiam "facilitar a vida".

 

 Para o Parisiense, ir às compras, de avenida em avenida, de loja em loja, é um passeio. É algo que faz parte da sua vida e que fazem com prazer. O pequeno comércio abrange toda a gama de bens e serviços. As compras para a casa são feitas quase no dia-a-dia.

 

   Como grandes mercados de rua pode-se assinalar o de Montotgueil e Aligre.

 

 Os mercados de rua (Montotgueil e Aligre) existem por toda a Paris, cujos dias da semana em que se realizam varia de bairro para bairro. Ali se compra vestuário, peixe, carne, charcutaria, legumes e hortaliças, quinquilharias, etc.

 

    Por toda a cidade existem mercearias abertas 24 horas por dia, onde se pode comprar tudo.

 

   O comércio em Madrid, onde o tradicional ainda sobrevive na maioria dos bairros apesar da crescente presença das grandes superfícies, poderá estar prestes a viver uma das suas maiores transformações.

 

 

    Em causa está a eventual aprovação pelo governo regional de uma lei que liberaliza totalmente os horários de funcionamento do comércio, permitindo a sua abertura 24 horas por dia, 365 dias por ano.

 

Uma experiência piloto, com horários mais amplos de abertura, foi já implementada nas zonas históricas e no centro de Madrid, tentando assim rentabilizar a presença de milhares de turistas fora das horas normais de funcionamento e aos fins-de-semana.

 

 Até que essa lei avance, as lojas em Madrid continuarão a reger-se pela legislação que só permite aberturas de segunda a sábado e no primeiro domingo de cada mês, um dia onde a afluência dos consumidores é tradicionalmente elevada.

 

Feriados são respeitados quase religiosamente e algumas tradições pouco normais nas grandes cidades ainda vingam: na noite de passagem de ano, por exemplo, não há um único restaurante aberto para comer.

 

   Os horários de abertura dividem-se normalmente em Verão e Inverno, com ambos os períodos a respeitarem quase religiosamente a sesta, e o almoço tradicionalmente mais tardio.

 

 Nos meses mais frios as lojas abrem, normalmente, das 10:00 às 14:00 e, depois das 17:00 às 20:00.No período de Verão muitas fazem horário "intensivo", das 08:00 às 15:00, hora em que encerram para o dia.

 

Práticas que obrigam a quem vem de fora a adaptar-se, redesenhando a sua forma de comprar.

 

   Na Catalunha, a abertura dos estabelecimentos comerciais aos domingos é motivo de polémica, a falta de autorização para abrir novos centros comerciais estão a gerar competição entre Madrid e Catalunha.

 

 Em Espanha, as regiões autónomas podem fixar o número de Domingos em que é permitida a abertura do comércio. Em Madrid são uns 20 domingos ao ano. A “Generalitat” (governo catalão) decidiu que o comércio catalão só abrirá durante oito domingos em cada ano. Os comerciantes sentem-se injustiçados pela concorrência de Madrid.

 

   Os horários também estão a gerar polémica. As grandes superfícies mantêm as portas abertas durante mais tempo. Os estabelecimentos tradicionais, não obstante, estão abertos das 9.30 às 19.30 horas e com encerramento à hora de almoço. Os hipermercados encerram passadas as nove da noite e não fecham para o almoço. Os pequenos comerciantes sentem-se lesados.

 

  “Atrás do pretexto de pretenderem uma liberdade de horários esconde-se uma estratégia das grandes superfícies para eliminar a concorrência dos pequenos e médios comerciantes”, assegura a Confederação Espanhola de Comércio.

 

 

    As melhores condições e o facto de os parques de estacionamento de algumas grandes superfícies serem gratuitos é uma questão que também preocupa o comércio tradicional.

 

Na Catalunha, existe uma lei regional (PTSEC) que regula a construção de superfícies comerciais. A lei, considerada “dura” e restritiva” deixa os empresários catalães em desvantagem com os madrilenos, onde vigora uma lei mais flexível.