CCAH põe em causa posição do Chega quanto aos cabos submarinos nos Açores

Foi com enorme perplexidade que a CCAH recebeu a posição do único deputado do Chega no parlamento regional, quanto ao facto de os cabos submarinos passarem a ter amarração direta na Ilha Terceira, seguindo depois para São Miguel. O Deputado do Chega revela, com esta atitude, falta de conhecimento técnico sobre a situação, alta permissividade aos lobbies centralistas e bairristas da Região, mas acima de tudo falta de dimensão intelectual e política para o desempenho das funções para o qual foi eleito como Deputado Regional. De um deputado à Assembleia Legislativa Regional esperava-se outra postura, responsabilidade e elevação intelectual e política. Atendendo à pessoa em questão é possível que estejamos a pedir demais. Esta terá sido a razão para ser o eleito, perante a recusa dos outros partidos, para dar voz política a quem que tem sido responsável pela progressiva, e irreparável, destruição da nossa Autonomia e da unidade regional que temos visto ao longo dos últimos 20 anos. Assim, cabe à CCAH, não só condenar frontalmente a posição do Sr. Deputado, como prestar alguns esclarecimentos sobre este assunto, de forma isenta e tecnicamente sustentada, sem os malabarismos pseudointelectuais e pseudotécnicas que temos visto na comunicação social, ao serviço de quem o Sr. deputado agora claramente está. Assim:
1 - Sobre o facto de o cabo (CAM- Continente, Açores, Madeira) entrar primeiro na Terceira, seguindo depois para São Miguel, onde ligará ao cabo já existente para a Madeira (completando o anel – CAM), e sobre esta opção estritamente técnica, é importante referir que ela permitirá que os Açores não fiquem sujeitos ao que tecnicamente se designa de “single point of failure”. Este facto é de grande importância, já que vivemos numa região dada a catástrofes naturais. Ora, caso São Miguel fosse sujeito a alguma catástrofe desta natureza, que não desejamos de todo, e com o que existe atualmente, os Açores ficariam totalmente desligados do mundo. Lembraria que a solução atual em que o “single point of failure” é uma realidade, levou a que nos Açores e mais especificamente da Ilha Terceira, ficassem impedidos de captar investimentos ao nível, por exemplo, do “data centre”.
2 – Na Ilha Terceira existe uma base militar norte americana, o AIR Centre e o Atlantic Centre, três elementos essências para a segurança Regional, Nacional e Internacional. Estas três entidades utilizam uma grande quantidade da capacidade dos atuais cabos submarinos, para quem a eliminação da enorme fragilidade do “single Point of failure” é crucial para o seu funcionamento.
3 – Quanto à tão badalada latência, e á sua importância, ela é na realidade de importância muito reduzida, na distância de que estamos a falar (TER-SMG) é mesmo totalmente negligenciável ao nível das telecomunicações. Poderia ser, eventualmente relevante, para as possíveis cirurgias feitas remotamente. Muito embora não tenhamos tido hipótese de verificar da sua verdadeira importância, não queremos acreditar que esse seja um problema para São Miguel e não o seja para a Terceira, ou para as restantes ilhas dos Açores. Relembramos que o Sr. Deputado, ao contrário do que manifestamente demonstra, está, ou deveria estar, ao serviço da Região e não ao serviço da Ilha de São Miguel, queríamos acreditar que já teríamos ultrapassado esses bairrismos. Vemos agora que não, sendo claro que é uma simples marioneta dos poderosos lobbys que se opõem a esta solução. Na realidade, a proximidade da Terceira às outras 6 Ilhas do Açores irá diminuir a hipotética latência e potenciar intervenções cirúrgicas nas outras ilhas partindo da Terceira, e assim salvar muitas vidas, em ilhas em que a presença física de um médico nem sempre é uma realidade ou uma possibilidade. Uma das vertentes da tão badalada telemedicina. Sem dúvida mais uma razão para que o cabo entre pela Terceira. O bem dos Açores e dos Açorianos acima de tudo. Queríamos nós acreditar!
4 – Quanto à questão do PIB que o Sr. Deputado levanta, em breve esta Câmara tomará uma posição sustentada sobre este assunto, sendo claro que esse seria sem sombra de dúvida um enorme argumento para se descentralizar e começar a investir fortemente nas outras Ilhas, e nunca um critério de mais centralismo e bairrismo bacoco e serôdio, como aquele a que o Sr. deputado, lamentavelmente se rebaixou ao dar voz.
Tendo em conta o exposto, é pois claro que, para o Sr. Deputado do Chega, existem Açorianos de primeira e de segunda categoria, sendo que os de primeira são os que residem na sua Ilha. Uma atitude absolutamente lamentável em alguém que desempenha as funções de deputado regional. Assume claramente a posição que o que não serve para São Miguel, serve para as outras, tratando-as com desdenho e total desprezo.