Câmara do Comércio defende reestruturação urgente da SATA

A Câmara de Comércio e Indústria dos Açores (CCIA) alerta para “situação de emergência” das contas de 2018 e do primeiro trimestre de 2019 das empresas do Grupo SATA, o que justifica uma “abordagem drástica” à resolução dos problemas da organização e que se questione o seu modelo de funcionamento.

Em comunicado, a direção da CCIA defende um plano de ação assente na reestruturação da governação da SATA e na alteração das Obrigações de Serviço Público (OSP) para os voos inter-ilhas e para as ligações às restantes “gateways” não liberalizadas.

Segundo a CCIA, essa reestruturação deverá passar, numa primeira instância, pelo “reconhecimento do estado de emergência no grupo” e, numa segunda instância, pelo estabelecimento de um “pacto de regime” para aprovação das linhas gerais para a sua atuação futura.

Para a direção da Câmara de Comércio, a reestruturação da governação da SATA deverá obedecer ao “princípio de que as empresas fazem o que é comercialmente sustentável e o orçamento público suporta os custos das políticas que os governos pretendem manter para além do que é comercialmente viável” e deverá começar pela separação das atividades do grupo em quatro instituições independentes - SATA Air Açores, SATA Internacional, SATA Aeródromos e SATA Handling.

A CCIA defende ainda o saneamento financeiro da SATA Air Açores e a adoção de um modelo de governação autónoma do grupo empresarial baseado num Conselho Geral e de Supervisão alargado e em Conselhos de Administração Executivos por empresa.

No comunicado, a direção da CCIA sublinha a importância da SATA como “garante da mobilidade aérea interna e como “regulador” da conectividade externa, funções que não está apta a desempenhar adequadamente nas circunstâncias atuais”.

Após análise das contas da Azores Airlines, a Câmara de Comércio realça que, em 2018, houve uma “redução do número de passageiros transportados, uma redução das rotas servidas, uma redução do número de colaboradores, um abaixamento dos custos com pessoal e um aumento dos fornecimentos e serviços externos, sendo que tudo conjugado produz um prejuízo superior a 50 milhões de euros.

Acresce que a situação a 31 de março de 2019 está agravada comparativamente a igual período de 2018”.

A CCIA fala ainda em “rasto desta situação que fica na SATA Air Açores e SATA Aeródromos”, criticando a instrumentalização feita da SATA Aeródromos na concessão de crédito de cerca de 11 milhões de euros às clientes SATA Air Açores (cerca de sete milhões de euros) e Azores Airlines (cerca de quatro milhões de euros), quando a valor da faturação a estes dois clientes fica-se apenas por cerca de 1,4 milhões de euros.

“Sendo que não existe evidência de viragem significativa numa exploração altamente deficitária, baseada numa gestão de continuidade”, a CCIA defende um rumo diferente para a SATA.


Fonte: Açoriano Oriental